segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O meu verbo preferido...

cuidar -
v. tr.
1. Imaginar; supor; pensar; meditar.
2. Ter cuidado em; tratar de.
v. intr.
3. Interessar-se por; trabalhar.
v. pron.
4. Julgar-se; ter-se por; tratar-se.

Funeral Blues , W. H Auden

"Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever; I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood,
For nothing now can ever come to any good."

sábado, 29 de janeiro de 2011

Poema à Mãe, Eugénio de Andrade

No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.

Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Transatlanticism

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sophia de Mello Breyner - O meu preferido.

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Agora, sem ti.

Protegi-te. Porque te queria bem, porque ainda te quero bem, porque bem hei-de querer-te sempre. Amei-te. Porque amar era escrever-te. Beijei-te. Porque beijar-te era sentir-te a falta. Procurei-te. Porque tudo era para ser eterno. Acreditei. Porque os teus olhos me davam certezas.
Agora, sem ti, vou voltar a encontrar-me. Agora, sem ti, vou voltar a escrever. Agora, sem ti, vou continuar. Agora, sem ti, o céu ficará exactamente no mesmo sítio. Eu voltarei a caminhar. Eu vou voltar a amar.