terça-feira, 20 de abril de 2010

Carta

Escrevi esta carta algures em 2006 numa altura em que já não se escreviam, pelo conteúdo podem adivinhar o seu destinatário.

Querida Amiga,

O teu olhar há-de marcar-me para sempre, um olhar perplexo cheio de luz, doce e acerado, um olhar que me tem vindo a dominar, ousado, humilde, imperioso, mas acima de tudo obstinado.
Às vezes decides carregar o mundo aos ombros e negar toda a tua coragem, mas logo descobres estradas e regras, caminhos e tratados e voltas ao melhor de ti, a tua Loucura.
Às vezes decides ser impertinente e gelada como um sorriso de ironia, sendo difícil ouvir sequer o teu nome quanto mais resistir a insultar-te, mas logo o chão te escorrega e faz-te aquilo que és, sensível, violenta, Apaixonada.
Às vezes consegues ser irresistivelmente mansa, mas não penses que não sei ler o teu pensamento por trás da mansidão: “Você tem-me cavalgado seu safado, você tem-me cavalgado mas nem por isso me pôs a pensar como você, pois uma coisa é o que pensa o cavalo outra quem está a montá-lo”, e é por ele que te Admiro.
Às vezes vês o mundo límpido, azul celeste, calmo e belo, mas logo voltas a ti e vê-lo cruel, frenético, exigente e o teu sentido de humor volta repentinamente dizendo: “Não aguento, já fumei três maços de cigarros consecutivamente.”
Às vezes acho que estás triste. Não falaste ainda. Olhas em volta pensativa, não sei para onde. Às vezes sei que choras sozinha nas mãos que o teu rosto esconde. Estarei cá Sempre!
Sem mais de momento, apenas recordar que tal como os Amigos, nunca esquecer que Deus fez do céu um esplêndido farol, para a tristeza à noite nos deu a Lua, para a alegria do dia fez o Sol.

Do sempre teu

Bruno Amaral

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